Celebro esta efeméride moçambicana recordando,
a 24, os 40 anos da proclamação da independência daGuiné-Bissau (de tão triste evolução), evocando a figura gigante de Amilcar Cabral, e os 46 anos da chegada do Bispo Manuel Vieira Pinto a Nampula que, nesse dia, deixaria mal-dispostos os portugueses que o aguardavam no aeroporto de Nampula e menos entendidos sobre os ventos da história, quando levantou uma criança negra em direcção ao sol, provocando, com tal gesto, o entusiasmente alarido dos indígenas locais. Gesto profético que lhe custaria muito caro: a expulsão em Abril de 1974: como famigerado traidor à Patria e indesejável em território português!
a 24, os 40 anos da proclamação da independência daGuiné-Bissau (de tão triste evolução), evocando a figura gigante de Amilcar Cabral, e os 46 anos da chegada do Bispo Manuel Vieira Pinto a Nampula que, nesse dia, deixaria mal-dispostos os portugueses que o aguardavam no aeroporto de Nampula e menos entendidos sobre os ventos da história, quando levantou uma criança negra em direcção ao sol, provocando, com tal gesto, o entusiasmente alarido dos indígenas locais. Gesto profético que lhe custaria muito caro: a expulsão em Abril de 1974: como famigerado traidor à Patria e indesejável em território português!
Mas o tempo foge, mesmo nestas remansadas terras da morna onde, quando estamos fora, pensamos que há tempo para tudo.
Depois corri para a cidade do Mindelo onde deveria celebrar a missa das 10:30 h na Igreja/catedral de N.Srª da Luz, com uma apurado grupo coral que projectava a sua beleza a partir do coro alto que se sobrepõe à entrada da igreja. Perfeição artísitica de cânticos tanto de Portugal como daqui.
Não tive tempo a perder e tive de correr para a aldeia de S.Pedro, aonde se chega passando pelo aeroporto
1. A imponente igreja, já em uso e ainda não acabada (vai indo ao ritmo dos recursos disponíveis) tem ali muito de solidariedade e também, nos alicerces e nas paredes, o esforçado trabalho da comunidade que, à montanha, arrancou toda a pedra;
2. Enquanto celebrava, via passarem, na rua, magotes de pessoas, sobretudo jovens, que mais pareciam gente sem pastor. Nós, deliciávamo-nos com a veemente profecia de Amós contra os ricos e a advertência de Jesus Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro.
Finalmente, tendo diante de nós o sempre enigmático cenário das montanhas vulcânicas sem vegetação, fomos brindados com um saboroso almoço em casa de João e Joana, os pais da dedicada apóstola desta comunidade, a Alice.
Entretanto, ao sabor da notícia de que o Papa Francisco pensaria em nomear uma mulher cardeal, continuei o trabalho de formação dos cristãos de N.Srª da Luz sobre este modo de sermos todos igreja de gente corresponsável, cada uma e cada uma com o seu papel e a sua função. À voz de um papa que diz que “somos todos iguais”, bem poderia subtitular o meu livro UMA IGREJA DE TODOS E DE ALGUÉM com A Igreja não é só dos Padres. É urgente que não seja. Este é o fermento que trago de Moçambique/Nampula e, enquanto gozo do fraterno acolhimento do Bispo Ildo, partilho com esta Igreja local.