Sem mais comentários meus, tal é a densidade do post que hoje insiro, aqui fica uma especial colaboração de um casal que diz:
A propósito do repto que
lançaste - «entrem no debate» - relativamente à questão Confissão e
"confissões", lembrei-me de fazer a transcrição e reconfiguração de
algumas notas manuscritas (colhidas por mim e pela minha mulher) num retiro que
fizemos em 2013.
Que faz Deus com os
pecadores?
Enche-os.
Deus não os evita, não foge. Não se esconde. Não tem vergonha de mim, pecador,
que sou capaz do melhor e do pior. O pecador pode ser alguém que estava inseguro,
incerto, que escolheu mal quando pensava que escolhia bem.
O que faz Jesus quando
encontra um pecador, alguém na situação de carência, debilidade, fragilidade?
Dá-lhe
futuro, dá-lhe perdão. Liberta-o. Para Deus não há casos perdidos. Não há nada
que não tenha perdão. As medidas são a justiça e a bondade, casadas uma com a
outra. A medida de Deus é única. Ele é compassivo. Tem paixão com. Não acusa,
salva, ajuda, envia, refaz, aconselha. A Igreja, na Sua senda, não condena,
ajuíza para salvar.
Qual é a terapia?
O
caminho a fazer. Não é feito por favor de Deus. Em Deus estamos sempre por
Amor. O Amor de Deus é muito exigente porque é livre.
Somos perdoados para
viver aliviados e pacificados?
Será
tão-só: “estás salvo, estás perdoado”? Não, somos perdoados para sermos
enviados. Como pecador perdoado transformo-me em perdoador. Isto é o
efeito sacramental. O pecado é coisa terrível: é capaz de matar, minar. Corrói,
destrói, mesmo que não se vejam as jogadas de bastidores: boato, rumor,
maledicência, etc. Os santos verdadeiros estão cheios de pecados: Não são
imunes à realidade.
O que fizeram os santos
com o perdão que receberam?
Uma
simples oração a Deus Pai? Cada um deles sentiu-se somente pacificado,
aliviado, perdoado ou, igualmente, enviado a nova missão, a de ser perdoador?
Como vou oferecer o
perdão?
Fazer
o trabalho da compaixão. O que fazemos com o que somos? Criar condições para…
vencer o “pecado nº 43”, o meu favorito, a minha especialidade. Ficamos
aborrecidos com os pecados. São sempre os mesmos. Ora, não se trata de perdoar
e ir embora, como não se trata de ser perdoado e ficar tudo na mesma. Deus
nunca se queixou de ter desperdiçado o seu perdão com ninguém.
Há
ervas daninhas (raiva, ressentimento, ódio, inveja) a erradicar, mas se não me
assumo livremente quando dou o perdão não estarei preparado para receber
bofetadas quando perdoo.
O
pecado doado e recebido implica um acto de fé na pessoa que escuta e na que
fala. É muito duro viver sem ser perdoado. É necessário aceitar que a vida
espiritual é lenta, é uma câmara lenta. Temos de pedir a graça da humildade.
Temos de pedir para não cair na tentação e no pecado da vaidade, a “folha (dos
pecados) limpa”. Os santos não se auto-reconhecem como santos, mas como
pecadores.
Nós
somos santos porque habitamos na Sua casa e vivemos através d’Ele.