Confissão e "confissões" - debate 5




Sem mais comentários meus, tal é a densidade do post que hoje insiro, aqui fica uma especial colaboração de um casal que diz:



A propósito do repto que lançaste - «entrem no debate» -  relativamente à questão Confissão e "confissões", lembrei-me de fazer a transcrição e reconfiguração de algumas notas manuscritas (colhidas por mim e pela minha mulher) num retiro que fizemos em 2013. 


Que faz Deus com os pecadores?
Enche-os. Deus não os evita, não foge. Não se esconde. Não tem vergonha de mim, pecador, que sou capaz do melhor e do pior. O pecador pode ser alguém que estava inseguro, incerto, que escolheu mal quando pensava que escolhia bem.

O que faz Jesus quando encontra um pecador, alguém na situação de carência, debilidade, fragilidade?
Dá-lhe futuro, dá-lhe perdão. Liberta-o. Para Deus não há casos perdidos. Não há nada que não tenha perdão. As medidas são a justiça e a bondade, casadas uma com a outra. A medida de Deus é única. Ele é compassivo. Tem paixão com. Não acusa, salva, ajuda, envia, refaz, aconselha. A Igreja, na Sua senda, não condena, ajuíza para salvar.

Qual é a terapia?
O caminho a fazer. Não é feito por favor de Deus. Em Deus estamos sempre por Amor. O Amor de Deus é muito exigente porque é livre.

Somos perdoados para viver aliviados e pacificados?
Será tão-só: “estás salvo, estás perdoado”? Não, somos perdoados para sermos enviados. Como pecador perdoado transformo-me em perdoador. Isto é o efeito sacramental. O pecado é coisa terrível: é capaz de matar, minar. Corrói, destrói, mesmo que não se vejam as jogadas de bastidores: boato, rumor, maledicência, etc. Os santos verdadeiros estão cheios de pecados: Não são imunes à realidade.

O que fizeram os santos com o perdão que receberam?
Uma simples oração a Deus Pai? Cada um deles sentiu-se somente pacificado, aliviado, perdoado ou, igualmente, enviado a nova missão, a de ser perdoador?

Como vou oferecer o perdão?
Fazer o trabalho da compaixão. O que fazemos com o que somos? Criar condições para… vencer o “pecado nº 43”, o meu favorito, a minha especialidade. Ficamos aborrecidos com os pecados. São sempre os mesmos. Ora, não se trata de perdoar e ir embora, como não se trata de ser perdoado e ficar tudo na mesma. Deus nunca se queixou de ter desperdiçado o seu perdão com ninguém.
Há ervas daninhas (raiva, ressentimento, ódio, inveja) a erradicar, mas se não me assumo livremente quando dou o perdão não estarei preparado para receber bofetadas quando perdoo.
O pecado doado e recebido implica um acto de fé na pessoa que escuta e na que fala. É muito duro viver sem ser perdoado. É necessário aceitar que a vida espiritual é lenta, é uma câmara lenta. Temos de pedir a graça da humildade. Temos de pedir para não cair na tentação e no pecado da vaidade, a “folha (dos pecados) limpa”. Os santos não se auto-reconhecem como santos, mas como pecadores.

Nós somos santos porque habitamos na Sua casa e vivemos através d’Ele.