Visita à Ilha do IBO



21 de Novembro - Festa de Santa Cecília - Padroeira dos músicos

Como prometi em post anterior, aqui estou a deixar partilha da minha visita.
 Desde sempre – e já levo 46 anos neste país! – desejei pisar o chão da Ilha do Ibo.
A minha primeira vista ao chegar
Sempre funcionou em mim como algo de mítico, mas mais ainda depois de conhecer e ter o privilégio da amizade do poeta militante, Virgílio de Lemos (falecido a 6 de Dezembro de 2013, em França, onde acabou por se fixar após o seu exílio anti-colonial e as divergências profundamente críticas perante o governo da Frelimo).

No último dia de 2013 despedi-me do Bispo Luiz Fernando, na sua casa em Pemba, quando ele se dirigia a caminho do meu mito... Jurei que não passaria um ano sem lá ir. Ele aceitou a minha proposta de permanência de 2 domingos, para ter oportunidade de uma penetração mais estreita e pastoralmente mais proveitosa com a comunidade cristã local.
Cheguei ao bairro de Tanganhane, do distrito costeiro de Quisanga na 6ª feira, dia 24 de Out 2014.

Espantosa travessia do continenteà Ilha.



 Desconhecia em absoluto as condições de acesso à Ilha. Supunha que haveria ao menos batelão para fazer passar o carro. Mas não era o caso. O carro deevria ficar e as pessoas embarcam em pequenos barcos a motor.




 Por celular, consegui identificar e beneficiar, naquele local, do apoio de embarque do jovem casal catalão – Guilherme e Beatriz
Guilherme e Beatriz
- que me acolheria em sua casa durante os dias que ali ficasse. Estes regressavam das suas férias em Espanha.

Este casal é um militate casal católico profundamente empenhado ao qual se deve alguma iniciativa pastoral entre a reduzida comunidade católica da Ilha do Ibo. Os poucos católicos (uma centena?) são todos “vientes”, funcionários públicos. A gente local é totalmente muçulmana e profundamente desconfiada em relação aos católicos... Factores antigos de identificação com o colonialismo? Alguém me aventou tal razão. Mas pode haver outras até mais recentes.

De facto pude verificar, com profunda surpresa, como ali não há nenhuma comunidade cristã que possa parecer-se com o que é habitual entre nós desde a independência deste país: pequenas comunidades cristãs, algumas profundamente autónomas e capazes de prover ao seu próprio serviço, incluindo a liturgia não apenas dominical. Ali aconteceu-me, pela primeira vez em Moçambique, não encontrar uma comunidade cristã católica, local, com um mínimo de organização interna. Que desafio! Certamente que uma presença da espiritualidade do Padre Foucauld (morto entre os Touaregs do Magreb) poderá ser a presença de fermento evangélico capaz de ajudar a dar alguma consistência a um grupo tão disperso.


             Na celebração dominical que ali presidi, depois de revolucionar o espaço litúrgico em sabor conciliar (à volta da mesa do Senhor) ainda tivemos umas 30 pessoas, convocadas, em passeio de rua, porta-a-porta, na véspera, por mim e pela Ruthe, uma católica local oriunda da Zambézia que também anima o canto. Verificámos que eram pessoas pertencentes a 17 famílias diferentes...

Um mundo a desafiar-nos!

13 de Novembro

Como o tempo foge!


Não me faltam coisas para partilhar com os amigos e leitores que visitem este espaço. Falta-me tempo e coondições logísticas para ser mais assíduo.

Depois de regressar a Moçambique, no dia 8 de Outubro, vivi:

1º No Maputo, na jornada dominical de 11-12 Outubro, uma experiência de comunhão com a antiquíssima Paróquia de Santa Ana, da Munhuana, confiada, desde sempre, aos Padres Sacramentinos. Em tempo, creio que todos holandeses; hoje, já moçambicanos.
Fiquei admiradíssimo com a compridíssima igreja (longa demais para uma celebração conciliar), que tem capacidade para cerca de 700 pessoas sentadas. E na missa das 7 da manhã (que se prolongaria até às 9:15 h - aqui ninguém tem pressa de fugir da igreja) estava a rebentar pelas costuras. Quase a mesma coisa na das 9:30 h que me coube presidir, com a particularidade de se tratar de uma imensa assembleia de juventude!
Na véspera, sábado, por especial atenção do pároco, P.Geraldo (afinal, oriundo da minha Nampula, donde ele me conhecia bem), presidi também a celebração eucarística de apenas umas 70 pessoas.
Em todas, a propósito da apresentação dos meus livros Uma Igreja de Todos e de Alguém e Penitência e Confissão dos Pecados, acabaei por dar aquilo a que o proprio padre Graldo e seu confrade chamaram de lição de História da nossa Igreja nos anos da Independência e da guerra civil.
Impressionou-me a atenção das assembleias e a sua explosão de apalusos no final.
Vendas de livros: a assembleia de sábado, de gente mais adulta e contida, esgotaram, praticamente, os poucos livros que possuía. Na assembelia das 7 da manhã esgotaram-se e fiquei com o registo de algumas pessoas para lhos enviar após a minha chegada a Nampula.

2º A jornada das eleições com todas as suas vicissitudes. Sobre elas já escrevi no outro blog, www.domundoedaigreja.blogspot.pt (aqui em link)

3º Fiz uma visita à Ilha do Ibo, pela qual esperava desde que cheguei a Moçambique. Dela darei conta num dos próximos posts.

4º Celebrei uma jornada dominical em Murrupula, a propósito da Páscoa do grande Apóstolo de Murrupula, Alexandre Rancho. Foi ocasião para reviver tempos de entusiasmo e de guerra. E de construção eclesial.. Espero colocar aqui também mais alguma coisa.