A Igreja de Jesus é de
Todos os Batizados
Não é monopólio dos Padres
Todos somos iguais (Papa Francisco)
Durante a minha estadia aqui em Cabo Verde (Diocese do
Mindelo) – 15 Setembro-3 de Outbro 2013) a pedido do Bispo Ildo, partilhei a
minha longa experiência pastoral em Moçambique onde cresci como padre e, em
estreita comunhão e colaboração com o Bispo Vieira Pinto, fui sendo parte de um
processo de geração eclesial que só não podemos catalogar de original porque
ele foi acontecendo num esforço de fidelidade ao testemunho das Primeiras
Comunidades Cristãs relatadas no livro OS ACTOS DOS APÓSTOLOS.
O meu trabalho assentou em 2 objectivos bem concretos:
1º Identificar a visão
de Igreja que se tem e confrontá-la com a do Concílio Vaticano II,
Sacramento de Salvação, rosto de Jesus para o nosso mundo concreto;
2º Ajudar as pessoas e as comunidades a fazerem a
experiência de que a Palavra de Deus,
escrita na Bíblia, partilhada em oração ou em estudo, é de uma importância
decisiva na geração da Igreja que somos, e fonte indispensável no processo de
crescimento de cada um/a de nós, como pessoa individual, mas entretecida num
grupo cristão e numa comunidade que nos serve de sustento na perseverança fiel
à nossa missão no mundo.
Abaixo exponho a sequência de temas tratados, tendo como
base indicativa os elementos gráficos que nos serviram de referência. Trata-se
de material do LUMKO-Instituto Pastoral
da Conferência dos Bispos Católicos da África do Sul que aqui utilizo com a
devida vénia.
Que Igreja somos? Que Igreja trazes no coração e na mente?
Que visão de Igreja ele representa?
Dizia uma participante: os padres e os bispos e o papa
puxam a carroça (a Igreja), as freiras ajudam, e nós, lá em cima, satisfeitos,
a sermos levado/as…. Eu estou lá escondida com vergonha. Prefiro ir também a pé
e fazer a minha obrigação!
Pois,
como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar
de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo. 13*De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito (…)27Vós sois o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro. (1Co,12,12-13.27)
Diria alguém: Parece que a chuva das graças de Deus cai em
abundância sobre os bispos e os padres mas a nós só chegam uma gotititas!
Cristãos submissos!
Neste momento lemos o texto de 1Co, 12, donde respigo,
juntando-o aos cartazes utilizados:
A respeito dos dons do Espírito, irmãos, não
quero que fiqueis na ignorância.
Há
diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; 5há diversidade de serviços, mas o Senhor é o
mesmo; 6há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que
realiza tudo em todos. 7A cada um é dada a manifestação do Espírito, para
proveito comum. 8*
A um é dada, pela acção
do Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, segundo
o mesmo Espírito; 9a outro, a fé, no mesmo
Espírito; a outro, o dom das curas, no único Espírito; 10a
outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento
dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a
interpretação das línguas.
11Tudo
isto, porém, o realiza o único e o mesmo Espírito, distribuindo a cada um,
conforme lhe apraz.
Com toda a facilidade
os/as participantes se identificaram com este cartaz representando o
Pentecostes sobre toda a Igreja nascente, resultando nas palavras de S.Paulo:
A cada um é dada a manifestação do Espírito, para
proveito comum (1Co,12,7)
de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo. 13*De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito (…)27Vós sois o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro. (1Co,12,12-13.27)
Há um só
Corpo e um só Espírito
E foi Ele
que a alguns constituiu como Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e
Mestres (…)
13até que cheguemos todos
à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à medida
completa da plenitude de Cristo
(…)15testemunhando a verdade no amor, cresceremos em
tudo para aquele que é a cabeça, Cristo.16É a partir dele que o Corpo inteiro, bem ajustado
e unido, por meio de toda a espécie de articulações que o sustentam, segundo
uma força à medida de cada uma das partes, realiza o seu crescimento como
Corpo, para se construir a si próprio no amor (Ef,4).
É neste contexto que ganha um particular significado, por ser dos
nossos dias, o testemunho da Igreja de Moçambique, tal como é apresentado no
meu livro UMA IGREJA DE TODOS E DE
ALGUÉM:
“Não tardou que a Igreja de
Moçambique se reunisse em concílio para captar o que o Espírito diz às Igrejas, e delinear as veredas por onde prosseguir a
caminhada.
Por isso, na I Assembleia Nacional de Pastoral, verdadeiramente representativa e realizada na
cidade da Beira, em Setembro de 1977, disse de si mesma, em palavras tão
singelas quanto recheadas de esperança e convicção:
Saídos
duma Igreja triunfalista [...] para uma Igreja despojada e pobre [...] preocupada com a sua renovação interna, sentimo-nos a caminho
duma Igreja de base e de comunhão, uma Igreja família, de serviços recíprocos,
livremente oferecidos, uma Igreja no coração do povo que a faz sua, inserida
nas realidades humanas e fermento da sociedade. Tal facto leva-nos a dar novo
impulso ao trabalho de suscitar, animar e incrementar a vida de pequenas
comunidades para que essa vida cresça cada vez mais, de modo a favorecer a
iniciativa e a responsabilidade de todo o Povo Deus na edificação da Igreja
local (Conclusões., 1, 1 e2).
Edtou
certo que a partilha destes testemunhos da Igreja em Moçambique e na África do
Sul (pelas imagens) acabará por constituir um excelente fermento no coração da
Igreja Diocesana sob o pastoreio do Bispo Ildo Fortes.
De uma Igreja ainda de pendor muito tradicional, com festas e procissões muito frequentes,de indiscutível gosto popular, mas
ainda muito referenciada ao clero (apesar do envolvimento de muitos de católicos de cada), irá surgir, aos poucos, uma Iigreja Ministrial que a todos envolva e a torne mais competente para responder aos desafios destes tempos. Para lá da evolução social, económica e política do país, tem de se confrontar com as perniciosas seitas e, ao que parece, até com os perigos do islamismo fundamentalista (cf A NAÇÃO, nº317, 26 Set 2013).
De uma Igreja ainda de pendor muito tradicional, com festas e procissões muito frequentes,de indiscutível gosto popular, mas
ainda muito referenciada ao clero (apesar do envolvimento de muitos de católicos de cada), irá surgir, aos poucos, uma Iigreja Ministrial que a todos envolva e a torne mais competente para responder aos desafios destes tempos. Para lá da evolução social, económica e política do país, tem de se confrontar com as perniciosas seitas e, ao que parece, até com os perigos do islamismo fundamentalista (cf A NAÇÃO, nº317, 26 Set 2013).