Desafios à Igreja Católica de Cabo Verde, hoje

2 de Setembro de 2014

Na Cidade Velha
Na minha recente estadia de um mês em Cabo Verde, um padre e um seminarista perguntavam-me, em momentos diferentes,
o que achava da Igreja católica do seu país. Com alguma prontidão, disse que me parecia ainda excessivamente clericodependente. Parece que, se não há padre, tudo pára. Ainda não me apercebi que houvesse leigos que evidenciassem uma postura de pertença e partilha de responsabilidades, tanto nas tarefas de índole mais pastoral como nas administrativas. Há ainda muito caminho a percorrer.

Sou testemunha dos esforços que o Bispo Arlindo Furtado (Diocese de Santiago/Praia) e do Bispo Ildo Fortes (Diocese do Mindelo), desenvolvem no sentido de incutirem às suas Igrejas locais um rosto mais de acordo com o modelo da Lumen Gentium do Concílio Vaticano II: uma Igreja de índole mais comunional, de maior corresponsabilidade de todos os batizados, enfim, mais participativa. As minhas duas visitas, a de setembro de 2013 e a deste mês de agosto, enquadram-se neste esforço (como se pode constatar nos relatos que deixei, já no ano passado, neste blog).


Festa de Stº Agostinho / Tenda - Tarrafal - Santiago
Por razões que ainda não me atrevo a referir aqui (precisarei de mais tempo de estudo do fenómeno e da história), é evidente que o povo católico funciona, ainda, muito umbilicalmente dependente do clero. 

  

Procissão na Festa de Stº Agostinho
É uma pesada herança do catolicismo português que os padres (e o seu estilo europeu) ainda não conseguiram metamorfosear. São marcas de uma religiosidade tradicional que também pesa muito em Portugal. Em Cabo Verde, permanece uma Igreja de devoções a Nossa Senhora e a muitos santos e santas de evidentes marcas portuguesas.
 (Veja a continuação desta reflexão na página anexa com o mesmo título)