Regressando a uma terra inquieta e perturbada

8 de  Novembro de 2013
Depois de uns 80 dias viajados por Portugal e Cabo Verde, estou de regresso a Moçambique. Foram dias cheios de contrastes, de alegrias e tristezas que destaco:
1º O convívio com os familiares e amigos, muitos reencontrados depois de alguns anos. Nos mais diversos sítios de Portugal, da minha aldeia-natal, Malhada Sorda, nas terras de Riba-Côa, a Beja, Lisboa, Porto, VilaReal de Trás-os-Montes e Coimbra. Foi gratificante, sobretudo se se tiver em conta que, nos meus 67 anos, também já vivo muito de recordações!
2º O excelente acolhimento que a mim e ao Isaías foi dado na apresentação da nossa experiência pastoral em Moçambique que reflectimos no livro UMA IGREJA DE TODOS E DE ALGUÉM, agora ainda com mais entusiasmo e esperança de eficácia já que sentimos que, agora, o Papa está do nosso lado. Já deixei isto patente em relato anterior sobre O MEU OUTUBRO MISSIONÁRIO.
3º A Páscoa do Bispo António Marcelino, o meu confidente da área hierárquica, que me acompanhou em todos os momentos desde o já longínquo retiro no Advento de 1967 em que tomámos a decisão de interrompermos o curso de teologia e partirmos em serviço missionário para Moçambique, Nem eu calculava a proximidade existencial entre ele e o recem-nomeado bispo de Nampula, Manuel Vieira Pinto que nos receberia em Agosto seguinte. Uma páscoa é sempre um misto de tristeza, sofrimento e esperançosa a legria. Partilhei, com a multidão daqueles e daquelas que beneficiiram dos dons e carismas desse homem de Deus que foi o Bispo Marcelino, das celebrações exequiais. Destas, guardarei, para sempre, a terna postura do seu sucessor, Bispo António Francisco, que mais me pareceu um sofrido órfão que, tal como eu, também parecia o seu confidente, mas, sobretudo, o seu mestre, tantas foram as vezes em que, ao longo das liturgias daqueles 2 dias, espontaneamente lhe saltavam da boca para fora “que consigo aprendemos” ou “tanto nos ensinou”. Obrigado, pois, também, ao Bispo António, por este testemunho tão humano e tão divino e, por isso, tão edificante! “Vede como eles se amam”.
 4º Porque, chegando ao avião, no assento ao meu lado, estava uma espantosa senhora que, não os tendo ainda, aparentava uns respetáveis 75-80 ano e é um verdadeiro poço de sabedoria de experiência feito. Não sendo da nossa Igreja – creio que nem crente – manifestou uma espantosa bondade e empenho pelo bem do próximo exercido neste país, agora amedrontado por todos os lados, sobretduo aqui no Maputo, como médica, antes e depois da Independência. Em quse tudo me parecia ouvi-la e estar a ver-me ao espelho. Por isso, as 10,5 h de voo foram muito mais curtas.
 Infelizmente, a onda de inquietação é generalizada nesta cidade principalmente pelos raptos que continuam a suceder-se. Porque o risco do rapto de crianças amedronta também os pobres.
 Um dado positivo: por enquanto continuam a acontecer manifestações de protesto o que sinaliza que o governo deste país tem de dat atenção e não prosseguir no caminho autista e militarista por que parece querer enveredar. Todos estão temerosos de que a guerra se instale de novo! Façamos tudo quanto está ao nosso alcance para que uma onde de bom senso e respeito pelo povo prevaleça.