Nangololo – Sugestões para o Centenário



 Jubileu dos Católicos Macondes de Moçambique


Como o futuro a Deus pertence, não me parece que, daqui a 10 anos, quando, se estiver ainda vivo, terei 78 anos, possa voltar a pisar a maravilhosa terra de Nangolo, de cuja Missão do Sagrado Coração de Jesus, irradiou a evangelização do famoso Povo Maconde que habita de um e de outro lado do rio Rovuma que une e divide Moçambique e a Tanzânia.

Com a palavra “Nangololo” ecoa sempr, nos meus ouvidos, a voz inesquecível do meu querido e saudoso amigo, P.Elias Pedro Mwacala,  pascoalizado cedo de mais, a meu ver. Mas tanto ele, como o seu irmão Luís, também padre, foram por Deus, levados cedo deste mundo, nas vicissitudes desta frágil vida humana

Como já deixei em anterior post destes blogs, no passado dia 30 de Novembro, peregrinei, miticamente animado, até à Missão do Sagrado Coração de Jesus de Nangololo, partilhar a inédita celebração do Jubileu dos seus 90 anos (1924-2014).

Vivi a celebração com uma grande intensidade interior. Celebrar os primeiros momentos das acções evangelizadoras, mexe muito com a minha intimidade cristã e pastoral. Permanece sempre aquela interrogação “como terá sido no princípio?”

Para lá das habituais referências aos fundadores Padres Monfortinos, não se desceu muito ao que terá sido a sua pedagogia evangelizadora; aos seus instrumentos e atitudes. Isso merecerá um aturado trabalho académico que, desde já, aqui deixo como desafio aos meus irmãos padres diocesanos de Pemba, aobretudo aos macondes, que tem, hoje, como decano, o P.Amaro Mwitu.

Neste dia, celebrámos, sim, a heroicidade dos Monfortinos que, saindo da Niassalândia (então colónia britânica e hoje, país independente – Malawi – famoso por ser um dos campeões da corrupção instalada no cume da classe política. Contra a ex-presidente, Joyce Banda, acaba de ser emitido um mandato de captura!)  , dominados pelo zelo da missão, calcorrearam montes e vales de mais de 800 Kms (?) em condições, como podemos imaginar, extremamente inóspitas e sem a facilidade de transportes de que hoje dispomos. Depois de ler Paul Schebesta, o Verbita que nos descreve tão minuciosamente a evangelização irradiada do Vale do Zambeze nos séculos anteriores (cf Portugal – A Missão daConquista), sinto sempre uma insaciável curiosidade de conhecer os “Actos destes Apóstolos”, ícones da evangelização primordial deste país, então colónia portuguesa.

Espero, pois, que um SIMPOSIUM adequado seja celebrado em vista do Centenário.

Mas quero deixar aqui mais umas quantas sugestões em vista de tão alta efeméride, de forma que elas possam, desde já, ir animando a imaginação pastoral de todos os padres e leigos macondes. 

Permitam-me sugerir:

Padre Elias então Vigário Geral da Diocese




1ª Que a beleza dos paramentos inculturados já várias vezes manifestada na Diocese de Pemba
surja com total esplendor e arte. Uma pequena amostra dos preciosos paramentos romanos que possui e, h+a anos, emprestou a Nampula, poderá ser a visível ligação entre o antanho e o hoje;


2ª Que a famosíssima arte dos vossos escultores (Xilavi, e outros), aceda, finalmente, por direito inteiro e visível, aos espaços e celebrações litúrgicos:

a
)     a)  Que o altar e o ambão sejam peças tão nobres e espantosas quanto o são as que já, há anos, estão na capela do mosteiro Mater-Dei em Nampula,




           b)  Que a cruz processional leve um Cristo de rosto verdadeiramente maconde.

      
     c)       Que, nas alfaias eucarísticas do altar, a uma histórica píxide romana, se junte a beleza inigualável das que os vossos artista produzem, já há anos, esculpidas em pau-preto, jambir ou umbila;

    
     d)      Que os emocionantes tambores do vosso povo, tocados com discrição, recato e encanto, reforcem o canto suave das vozes trabalhadas em serviço da emoção orante de todos os que participarem nas celebrações.



4ª Que, entretanto, uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, verdadeiramente recriada pelos vossos artesãos católicos, possa deslumbrar, naquele ano, os olhos de todos aqueles e aquelas que tiverem a dita de participar em tão venturoso acto.

Creio que nesta tensão renovadora, a par de uma pastoral integradora de todas as forças vivas que recolha a tradição dos vossos fundadores e dos vossos pais e mães (Mwitus Mwacalas, e outros), batizados desde 1924 , e que mantiveram viva a chama do evangelho durante a guerra de libertação nacional, podereis celebrar o Jubileu do Centenário como nova etapa de uma autência evangelização do coração maconde, cuja energia anímica e “guerreira” é mundialmente conhecida, assim sublimada pelo perfume do Evangelho de Jesus ao serviço da Paz!