Confissão e "confissões" - debate 4

As minhas andarilhanças por Portugal afora, nestes meses de Agosto e Setembro, sobretudo difundindo o "Património do Arcebispo Manuel Vieira Pinto", levaram-me ao esquecimento de colocar mais uma prometida contribuição sobre este assunto tão delicado das nossas vidas não só de crentes católicos....

Aqui vai o testemunho de uma velha senhora bem combativa na vida e de uma generosidade testemunhada por todos aqueles que a conhecemos em muitas latitudes e longitudes. Leiam, e tenham a delicadeza de entrar no debate. Para bem de todos nós. E da Igreja, e das Igrejas!

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Querido e velho amigo,

Obrigada por esta importante acção e tua partilha comigo, pecadora afastada da Confissão, sacramento que não frequento há alguns anos e de que me afastei porque as dúvidas sobre se a sua real relação com a Misericórdia Divina fosse manifestada, como tu bem dizes, da forma quase mecânica dos confessores atenderem os penitentes. 

E aproveito para confessar publicamente (e podes publicar) o meu ´´ultimo pecado "grave": Estava a viver conjugalmente com um senhor. Éramos ambos divorciados e o nosso convívio, por acordo mútuo, não incluía o sexo (ambos tínhamos mais de 70 anos). A nossa união era fundada sobre interesses mútuos, sobretudo de inter-ajuda.

Após 5 anos de relacionamento, separei-me dele e voltei a viver só. Voltei, também, a Moçambique e à minha missão de dar o meu apoio a quem dele pudesse aproveitar.

 Sempre senti muita necessidade de vida espiritual e, sobretudo, da Comunhão.
 Na época Pascal de 2011, procurei um padre para me confessar: o meu maior pecado era ir comungar sem me ter confessado e vivendo conjugalmente sem ser casada. 

Fui muito mal recebida pelo confessor que não me absolveu nem teve as palavras adequadas para a pecadora, pouco arrependida, diga-se de passagem, mas resolvida a não continuar. 

Aos pecados que me pesavam na consciência juntei mais um: revolta contra aquele confessor sem misericórdia nem pedagogia. E fiquei até hoje (já lá vão 4 ou cinco anos, sem voltar a confessar-me nem comungar!.

 Agora, neste ano jubilar, com 80 anos, cheia de problemas familiares, vivendo sozinha em Almada (onde vivem todos os meus descendentes que me ignoram e difamam), dependo da ajuda de uma vizinha que me cuida da casa e a quem pago.

Desejo confessar-me, mas continuo a não saber como fazê-lo.
A minha última confissão digna desse nome, fi-la a um padre amigo, para comungar na Missa de Corpo Presente do meu filho, em Dezembro de 2003.

Apetecia-me fazer uma confissão pública porque acabei por praticar a minha fé como se só com Deus pudesse confiar-me e a Ele, em cada dia me confesso.

 E, por tudo isso, reconheço mais verdade na situação dos protestantes que acabaram com o sacramento que julgam ir contra a lógica de um Deus de Misericórdia que conhece cada um dos corações que nEle acreditam.

Gostava de acompanhar este debate.