Aqui vai o testemunho de uma velha senhora bem combativa na vida e de uma generosidade testemunhada por todos aqueles que a conhecemos em muitas latitudes e longitudes. Leiam, e tenham a delicadeza de entrar no debate. Para bem de todos nós. E da Igreja, e das Igrejas!
«««««««
Querido e velho amigo,
Obrigada por esta importante acção e tua partilha comigo,
pecadora afastada da Confissão, sacramento que não frequento há alguns anos e
de que me afastei porque as dúvidas sobre se a sua real relação com a
Misericórdia Divina fosse manifestada, como tu bem dizes, da forma quase
mecânica dos confessores atenderem os penitentes.
E aproveito para confessar
publicamente (e podes publicar) o meu ´´ultimo pecado "grave": Estava
a viver conjugalmente com um senhor. Éramos ambos divorciados e o nosso
convívio, por acordo mútuo, não incluía o sexo (ambos tínhamos mais de 70 anos).
A nossa união era fundada sobre interesses mútuos, sobretudo de inter-ajuda.
Após 5 anos de relacionamento, separei-me dele e voltei a
viver só. Voltei, também, a Moçambique e à minha missão de dar o meu apoio a
quem dele pudesse aproveitar.
Sempre senti muita necessidade de vida espiritual
e, sobretudo, da Comunhão.
Na época Pascal de 2011, procurei um padre para me
confessar: o meu maior pecado era ir comungar sem me ter confessado e vivendo
conjugalmente sem ser casada.
Fui muito mal recebida pelo confessor que não me
absolveu nem teve as palavras adequadas para a pecadora, pouco arrependida,
diga-se de passagem, mas resolvida a não continuar.
Aos pecados que me pesavam
na consciência juntei mais um: revolta contra aquele confessor sem misericórdia
nem pedagogia. E fiquei até hoje (já lá vão 4 ou cinco anos, sem voltar a
confessar-me nem comungar!.
Agora, neste ano jubilar, com 80 anos, cheia de
problemas familiares, vivendo sozinha em Almada (onde vivem todos os meus
descendentes que me ignoram e difamam), dependo da ajuda de uma vizinha que me
cuida da casa e a quem pago.
Desejo confessar-me, mas continuo a não saber como
fazê-lo.
A minha última confissão digna desse nome, fi-la a um
padre amigo, para comungar na Missa de Corpo Presente do meu filho, em Dezembro
de 2003.
Apetecia-me fazer uma confissão pública porque acabei por
praticar a minha fé como se só com Deus pudesse confiar-me e a Ele, em cada dia
me confesso.
E, por tudo isso, reconheço mais verdade na
situação dos protestantes que acabaram com o sacramento que julgam ir contra a
lógica de um Deus de Misericórdia que conhece cada um dos corações que nEle
acreditam.
Gostava de acompanhar este debate.